BRASÍLIA - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que “não concorda” com a avaliação negativa do mercado financeiro sobre o pacote de medidas enviadas pelo governo federal para reduzir gastos.

Desde o anúncio das propostas, na semana ada, o dólar teve alta histórica, chegando ao patamar de R$ 6, com crescimento também da projeção dos juros para os próximos anos. 

Em um fórum organizado pelo portal Jota, Haddad reafirmou que o pacote fiscal é suficiente para buscar o equilíbrio das contas públicas a partir do ano que vem.

"Não me parece que as medidas de contenção de gastos sejam irrelevantes como alguns estão querendo fazer parecer. [...] Quando você ouve uma pessoa ligada à intermediação financeira, como hoje por exemplo, tem várias pessoas dizendo que o governo mandou um pacote que está sendo subestimado no mercado, que está tendo um exagero nas leituras que estão sendo feitas”, disse.

Além de considerarem os cortes insuficientes, agentes do mercado reagiram negativamente à proposta da Fazenda de isentar o Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil e, ao mesmo tempo, cobrar uma alíquota de pessoas que ganham acima de R$ 50 mil. Haddad defendeu a medida, dizendo que não haverá prejuízo para as contas públicas.

“Tem gente que diz que a reforma da renda é populista. Ela é neutra do ponto de vista fiscal, não pretende nem arrecadar mais nem arrecadar menos. Não acredito que alguém possa classificar na literatura política ou econômica esse gesto como populista, como estão dizendo”.

O Congresso deve votar ainda neste mês os primeiros projetos do pacote fiscal, que alteram as regras de reajuste do salário mínimo e torna mais rígido o cadastro em programas como o Bolsa Família e o BPC. A equipe econômica espera economizar R$ 70 bilhões caso todas as medidas sejam aprovadas como estão.

Também neste fim de ano, o Legislativo analisa a regulamentação da reforma tributária, que detalha os pontos da emenda constitucional promulgada pelo Congresso em 2023. Haddad também espera a aprovação do projeto na semana que vem.