A menos de dois anos das eleições de 2026, o governador Romeu Zema (Novo) se tornou alvo da era Sidônio Palmeira na Secretaria de Comunicação do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Após subir o tom nas críticas contra o Palácio do Planalto por vetos ao Programa de Pleno Pagamento da Dívida dos Estados (Propag), Zema, que está atrás de viabilidade como candidato à presidência diante da inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), se tornou alvo da artilharia do gabinete de Lula.
A ofensiva contra Zema, uma semana após o deputado federal Nikolas Ferreira (PL) impor uma derrota ao governo Lula, é uma estratégia para disputar as narrativas. Depois de Nikolas sugerir que as transações em Pix poderiam ser taxadas, o Palácio do Planalto revogou uma instrução normativa que obrigava fintechs a comunicar à Receita Federal, assim como já fazem os bancos, operações de Pix feitas por pessoas físicas superiores a R$ 5 mil, e por pessoas físicas superior a R$ 15 mil.
Durante a da concessão do trecho da BR-381 entre Belo Horizonte e Governador Valadares, nesta quarta-feira (22 de janeiro), Lula acusou Zema de ingratidão após o governador criticar a “gastança” do Planalto. “A palavra ‘obrigado’ é tão simples, mas, para falar ‘obrigado’, é preciso ter grandeza”, questionou o presidente, que ainda afirmou que “talvez só Jesus Cristo” fizesse pelos Estados endividados o que ele fez.
As críticas de Lula foram endossadas pelo ministro chefe da Casa Civil, Rui Costa. “Em vez de agradecer a um presidente que colocou questões políticas de lado e o povo de Minas Gerais como maior interessado, o governador vai de forma ingrata agredir o presidente”, disse Rui. Mais cedo, ao participar do programa “Bom dia, ministro”, da EBC, ele já havia acusado Zema de querer que “o governo (federal) pagasse a dívida de Minas com bancos privados e bancos internacionais”.
A ausência do governador, que, durante a manhã desta quarta, se reuniu com o presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, Luiz Carlos Corrêa Junior, em Belo Horizonte, também foi criticada. O ministro dos Transportes, Renan Filho, afirmou que Zema não pode “priorizar a política contra o interesse do cidadão”. “É isso o que o governo de Minas faz ao não estar presente quando está sendo a solução ampla, geral e irrestrita para a ‘rodovia da morte’ do Estado”, alegou.
Em uma reunião com os ministros na última segunda (20 de janeiro), na Granja do Torto, onde Sidônio apresentou uma nova proposta de comunicação para o governo, Lula foi taxativo ao dizer que “2026 já começou”. “Se não por nós, mas pelos adversários, a eleição do ano que vem já começou. Só ver o que assistem na internet para ver que já estão em campanha. A antecipação de campanha, para nós, é trabalhar, trabalhar, trabalhar e entregar o que o povo precisa", apontou o presidente.
Ausente em Brasília, Zema respondeu às críticas no X, antigo Twitter. O governador afirmou que o PT prometeu a obra nos governos anteriores, mas não entregou. “Por isso, quando for colocar máquina na pista, fiscalizar ou inaugurar trechos da obra na BR-381, eu estarei à disposição. Meu foco é trabalhar, não perder tempo com eventos burocráticos”, rebateu ele, que já havia sido alvo de críticas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na última semana.
Esta não foi a primeira vez que o governador falta a uma agenda com Lula. Em outubro, ele delegou o número 2 da Secretaria de Justiça e Segurança Pública, coronel Edgar Estevo, para representá-lo, também em Brasília, em uma reunião para discutir a PEC da Segurança. Antes, em fevereiro, Zema já havia designado a número 2 da Secretaria de Saúde, Poliana Lopes, para uma visita do presidente a Nova Lima, região metropolitana de Belo Horizonte.