Pioneiro na venda de queijo pela internet, a Queijo D’Alagoa comemora 15 anos com uma novidade. A empresa localizada na cidade de Alagoa, no sul de Minas, iniciou a produção de seu próprio queijo no dia 4 de janeiro. Foi o próprio proprietário Osvaldo Martins de Barros Filho, mais conhecido como “Osvaldinho”, que anunciou a notícia em seu perfil @queijodalagoamg, no Instagram. Nesse primeiro momento, a queijaria deverá produzir 22 queijos por dia.

Até o ano ado, Osvaldinho vendia os produtos de dez queijarias parceiras da região. Em dezembro, ele arrendou a propriedade rural de oito hectares do produtor Odair Maciel Pinto e comprou 13 vacas Girolando. A fazenda, que fica a 1 k de Alagoa, já tem a estrutura necessária à produção de queijo artesanal. “Estou muito feliz, minha expectativa é aumentar a produção de leite, hoje de 250 l a 300 l, para produzir queijos com maturações diferentes”.

A propriedade arrendada por Osvaldinho já tem toda a estrutura para a produção de queijo artesanal - Foto: @queijodalagoamg / Divulgação

“Desde a primeira semana de janeiro, estou produzindo queijo. Fiz um rótulo provisório, porque meu cartão de produtor rural ainda não ficou pronto. Já dei entrada na Prefeitura de Alagoa (Siat), recebi a visita do Serviço de Inspeção Municipal e, em breve, a inspeção da Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais). Dei também entrada no cadastro do IMA (Instituto Mineiro de Agropecuária)”, conta. 

O Queijo do Osvaldinho começa pesando 1 kg e é maturado por 20 dias, caindo seu peso para 800 g a 900 g. É um queijo suave, levemente salgado, com notas lácteas bem frescas, frutadas, e textura macia. Ele será comercializado ao preço promocional de R$ 80 e pode ser comprado pela internet. O empresário, que vende cerca de três toneladas de queijo por mês, espera aumentar sua produção em 20%.

Tradição

O queijo produzido em Alagoa fez a fama da pequena cidade do sul de Minas - @queijodalagoamg / Divulgação

De acordo com dados da Emater-MG, a cidade de Alagoa possui 139 queijarias artesanais, totalizando uma produção anual de 58,4 mil toneladas de queijo por ano. O queijo da Alagoa é fruto de uma conexão entre Minas e Itália. Em 1920, o italiano Paschoal Poppa e sua esposa Luiza Altomare Poppa pisaram pela primeira vez na pequena cidade no alto da serra da Mantiqueira e começaram a produzir queijo. 

Já a história de “Osvaldinho” vem da tradição familiar. O bisavô Jeremias Sene era um tropeiro que embrulhava os queijos em folhas de bananeira, colocava em balaios de bambu no lombo de burros e atravessava a serra da Mantiqueira para comercializar os produtos no Vale do Paraíba (SP) e Resende (RJ). Essa história curiosa faz o queijeiro se definir como “tropeiro digital”, o primeiro a comercializar queijo pela Internet. 

A primeira produção do Queijo do Osvaldinho aconteceu em 44 de janeiro - Foto: @queijodalagoamg / Divulgação

A Queijo D’Alagoa-MG surgiu para ajudar o pequeno produtor de queijos de Alagoa Batista Dias Pinto, o "Sô Batistinha", em 2009. Nascia junto a parceria com dez famílias produtoras e um dos queijos mais famosos do sul de Minas, que fez a fama de uma pequena cidade de 2.749 habitantes. Oito anos depois, em 2017, Osvaldinho abriu a primeira loja de queijo do município. Os negócios avançaram e hoje ele tem duas lojas físicas, uma em Alagoa e outra em a Quatro.

O Queijo do Osvaldinho com o rótulo provisório - Foto: @queijodalagoamg / Divulgação

Em 2010, o empreendedor iniciou um movimento pelo reconhecimento do queijo artesanal de Alagoa, criando a primeira edição do Festival do Queijo. Em 2017, Osvaldinho colocou os queijos d’Alagoa na mala e levou para o Mundial de Queijos da França, o mais famoso e importante concurso queijeiro do mundo. Voltou de lá com uma medalha de bronze. Os prêmios se repetiram em 2019, 2021 e 2023.

A loja no centro de Alagoa, a primeira de toda a região a vender queijo artesanal - Foto: Nereu Jr / Divulgação

Em 2016, para fomentar o turismo local, ele criou a Rota do Queijo e do Azeite. “Sempre lutei pra reconhecer a importância do produtor, agregar valor ao produto, movimentar a economia local e fomentar o turismo e preservar uma tradição”, destaca o empresário. O sucesso de Osvaldinho é tão grande que o contrato da Queijo D'Alagoa com os Correios mantém ainda aberta a agência da cidade.

Nos últimos 15 anos, o reconhecimento da região como produtora de queijo artesanal ajudou a regularizar a produção e na venda de queijos para todo o Brasil. Para o futuro, os planos de Osvaldinho são uma abrir uma lova loja, com o diferencial de uma cave subterrânea para maturação de queijo, criar uma mini escola e um museu do queijo para preservar a história do queijo de Alagoa.

Em homenagem ao bisavô, o comerciante e agora queijeiro quer desenvolver novos produtos, entre eles um queijo embalado na folha de bananeira. “Quero lançar queijos novos, com diversas maturações, e ir aumentando a produção de leite aos poucos", comenta. Além dos queijos artesanais, Osvaldinho vende em suas lojas azeite da Mantiqueira, cafés especiais, doces e geleias artesanais que podem ser harmonizados com as 15 variedades de queijos.