A diretoria do Vasco está atenta quanto a uma possível articulação de Jorge Salgado, para os credores vetarem o plano de recuperação judicial do clube. O ex-presidente tem R$ 25 milhões para receber. Mas de que forma isso pode impactar no Cruz-Maltino? O Lance! explica abaixo.

Segundo informações apuradas pelo Lance!, Jorge Salgado é "conflitado" na recuperação judicial. Isso porque o ex-presidente é parte relacionada que tem interesse.

A gestão de Pedrinho, quando assumiu, pegou um instrumento de mútuo (traduzindo o juridiquês: contrato de empréstimo entre dois particulares) do Vasco com Jorge Salgado. O ex-presidente assinou como credor e, pelo clube, como devedor. Esse conflito faz com que o ex-dirigente não tenha direito a voto na recuperação judicial.

O Lance! ainda apurou que o advogado de Jorge Salgado tenta anular o plano da recuperação judicial. O doutor pretende convencer outros credores da tese de que há nulidade.

Em contato com alguns dirigentes, a reportagem também apurou que a diretoria entende que Jorge Salgado está colocando o crédito que tem a receber, os seus interesses particulares, acima do próprio Vasco, o que, além de prejudicar o clube, prejudicaria outros credores. Inclusive os mais humildes que recebiam um ou dois salários mínimos.

Os dirigentes ainda afirmaram que Jorge Salgado está “usando” essas partes, que não sofrerão deságio, tentando fomentar teses jurídicas para contestar o plano, já que está conflitado para votar numa futura assembleia de credores. Além disso, segundo informações obtidas pelo Lance!, o ex-presidente recebeu uma parte da dívida através do empréstimo-ponte com a 777 Partners, o que reforça o conflito de interesse.

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Diretoria Vasco - Pedrinho
Clube assosciativo é comandado pela gestão de Pedrinho (Foto: Dikran Sahagian/Vasco)

O que diz Jorge Salgado, ex-presidente do Vasco?

O Lance! entrou em contato com Jorge Salgado, que encaminhou uma nota afirmando que o Vasco ofereceu um desconto de 90% no valor de dívida a ser paga com três anos de carência, divididos em 16 anos. O ex-presidente também diz que buscou a atual diretoria para buscar um entendimento e sequer foi recebido. Confira o comunicado na íntegra abaixo.

"Como é fato público, de amplo conhecimento dos vascaínos, e registrado oficialmente nos balanços do CRVG, fui procurado ao longo dos anos, por diferentes istrações, para socorrer financeiramente ao clube em momentos de dificuldades. Independente do viés político, sempre colaborei dentro das minhas possibilidades. Por diversas vezes o clube não conseguiu honrar com seus compromissos para comigo e em todas estas situações sempre estive pronto para conversar buscando um entendimento amigável.

Quando assumi a presidência do CRVG no início de 2021 encontrei uma situação caótica. Salários atrasados, inadimplência com praticamente todos os fornecedores, contas bloqueadas, receitas antecipadas, zero no caixa e sem crédito na praça. Para manter o clube em funcionamento tive que fazer importantes aportes pessoais para pagar toda sorte de despesas num momento em que ninguém estava disposto a dar crédito ao Vasco.

Para minha surpresa, o plano de pagamento aos credores proposto pela atual istração na Recuperação Judicial apresentou condições aviltantes para quitação de meu crédito: Um desconto de 90% (NOVENTA por cento) no valor da dívida, a ser pago com 3 (três) anos de carência divididos em 16 (dezesseis anos)! Eu procurei mais de uma vez a Diretoria istrativa na busca de um entendimento e sequer fui recebido. Diante de tal situação, constituí advogado para estudar o caso e buscar uma solução justa. Não é razoável tratar um credor que nunca se furtou a colaborar com o clube desta forma. Isso também não é nada bom para a imagem e credibilidade do Vasco, justamente num momento em que precisamos de parcerias com novos investidores para alavancar o futuro do clube.

Permaneço, como sempre estive, à disposição da atual diretoria para dialogar.

Jorge Salgado"

E se o plano da recuperação judicial for reprovado?

O plano da recuperação judicial será votado em assembleia de credores. Uma possível reprovação pode ser prejudicial ao Vasco, tendo em vista que as negociações vão se arrastar. Além disso, o clube corre sérios riscos de quebrar.