BRASÍLIA – Os copos de vidro usados para servir água e as xícaras e pires de cerâmica para café foram substituídos nesta segunda-feira (9) por objetos de papel descartáveis na sala de audiências da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF).
Sobre a mesa de cada um dos réus depoentes acusados de liderar um plano de golpe de Estado em 2022, os microfones foram afixados para que não servissem de arremesso no caso de algum descontrole das reações.
A iniciativa – inédita em audiências na Corte – foi mais uma medida de reforço da segurança no tribunal e, principalmente dos ministros Alexandre de Moraes e Luiz Fux, presentes na tribuna de audiências, e do procurador-geral da República, responsável pela denúncia que tornou Jair Bolsonaro (PL) e sete aliados em réus por tentativa de golpe de Estado no Brasil em 2022.
Mais de uma agem pelo raio X 24p69
O o ao plenário da Primeira Turma, no 3º andar do anexo II do STF, ganhou, desta vez, um aparelho de raio X na antessala do espaço, por onde chegaram os oito réus, advogados e jornalistas cadastrados para cobertura dos interrogatórios, iniciados nesta tarde e transmitidos pela TV Justiça.
Quem entrava no prédio pelo térreo já era submetido ao mesmo procedimento de revista. Por lá também um agente da Polícia Judicial do STF circulava com um cão farejador, que já havia feito a varredura no andar superior onde começariam a audiência, às 14h.
Do lado de dentro, pelo menos outros 12 agentes policiais com armas não letais se posicionaram em diversos pontos do plenário, quatro deles nas laterais das tribunas onde estavam Moraes, Fux e Gonet. Só ali, os copos de vidro e as xícaras de cerâmica eram utilizados.
Interrogatórios seguem agora com Alexandre Ramagem 6v7329
Os interrogatórios começaram na tarde desta segunda-feira com o depoimento do tenente coronel Mauro Cid, delator da trama golpista e ex-ajudante de ordens da Presidência da República no governo de Jair Bolsonaro. Cid foi ouvido até por volta das 18h30, quando o réu Alexandre Ramagem, deputado federal e ex-diretor da Abin, foi chamado para depor.
Os outros inquiridos serão chamados em audiências previstas ao longo da semana em ordem alfabética:
- Almir Garnier (ex-comandante da Marinha);
- Anderson Torres (ex-ministro da Justiça);
- Augusto Heleno (ex-ministro do GSI);
- Jair Bolsonaro (ex-presidente da República);
- Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa);
- Walter Braga Netto (ex-ministro da Casa Civil), que, por estar preso desde dezembro de 2024, responderá por meio de videoconferência.
Os oito réus respondem por tentativa de abolição violenta do Estado democrático de direito, tentativa de golpe de Estado, participação em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
O interrogatório é uma das últimas fases da ação penal. A expectativa é de que o julgamento que vai decidir pela condenação ou absolvição deles ocorra no segundo semestre deste ano. Em caso de condenação, as penas am de 30 anos de prisão.
Por estarem na condição de réus, os acusados poderão se recusar a responder perguntas que possam incriminá-los, um direito assegurado pela Constituição para que os investigados não produzam provas contra si.