BRASÍLIA - O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), disse nesta segunda-feira (22) que ficou assustado com a declaração do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, sobre o processo eleitoral no país. Na última quinta-feira (17), o venezuelano declarou que a nação poderia enfrentar um "banho de sangue" e uma "guerra civil" caso ele não seja reeleito.

"Eu fiquei assustado com a declaração do Maduro dizendo que se ele perder as eleições vai ter um banho de sangue. Quem perde as eleições toma um banho de voto. O Maduro tem que aprender, quando você ganha, você fica; quando você perde, você vai embora", afirmou Lula durante entrevista a veículos internacionais. 

De acordo com a agência Reuters, que participou da entrevista, Lula destacou que advertiu Maduro sobre a necessidade de manter um processo eleitoral transparente. Ele ressaltou que, para que o país volte a ser respeitado pela comunidade internacional, é importante que essas condições sejam atendidas.

"Eu já falei para o Maduro duas vezes, e ele sabe, que a única chance da Venezuela voltar à normalidade é ter um processo eleitoral que seja respeitado por todo o mundo. Se o Maduro quiser contribuir para a volta do crescimento na Venezuela, para a volta das pessoas que saíram do país e estabelecer um Estado de crescimento econômico, ele tem que respeitar o processo democrático", disse.

No começo de junho, o presidente Lula conversou por telefone com Nicolás Maduro sobre as eleições venezuelanas. Em nota divulgada pelo Palácio do Planalto, foi informado que o petista reiterou o apoio brasileiro ao Acordo de Barbados e destacou a importância da presença de observadores internacionais no pleito internacional. 

A corrida eleitoral na Venezuela, marcada para 28 de agosto, ocorre sob a preocupação da comunidade internacional de que o regime de Maduro não assegure votações livres e democráticas, em desacordo com o compromisso formal assinado em outubro de 2023. 

O Acordo de Barbados, mediado entre o governo venezuelano e a oposição, visa promover eleições livres e justas no país, garantindo transparência e legitimidade ao processo eleitoral. Na última quinta-feira (18), o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) alterou sua decisão inicial e decidiu enviar dois observadores para acompanhar a eleição presidencial.

Acompanhando a decisão da Corte Eleitoral, durante a entrevista desta segunda-feira (22), Lula anunciou que enviará o assessor de Assuntos Internacionais da Presidência, Celso Amorim, para a Venezuela, com o objetivo de acompanhar as eleições presidenciais.

Maduro lidera um regime autocrático, conhecido por violar liberdades fundamentais e manter presos políticos. O principal concorrente dele é o ex-diplomata Edmundo González, escolhido por uma coalizão de partidos opositores.