Os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), defenderam o avanço da chamada "pauta verde" no Congresso Nacional como uma das prioridades. Pacheco ainda elogiou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao citar o compromisso de empresas e de governos pela sustentabilidade e preservação ambiental e afirmar que "temos hoje, felizmente, a liderança de um presidente da República que se preocupa e se ocupa de pregar essa pauta mundo afora".

Os dois falaram durante evento promovido pela Confederação Nacional e Indústria (CNI) e pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) sobre desenvolvimento sustentável, em Nova York, nos Estados Unidos. Lira e Pacheco estão no país norte-americano para a abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).

Tanto Lira, quanto Pacheco citaram projetos em comum que têm interesse na aprovação, como a regulamentação do mercado de carbono, que permite às empresas compensarem suas emissões de gases de efeito estufa e comprarem créditos uma das outras, e a transição energética offshore, que consiste na instalação de usinas eólicas em alto-mar. Os dois também defenderam a viabilidade do uso de hidrogênio na transição energética. 

"Eu e o presidente do Senado tivemos uma reunião para que as duas casas irmãs possam discutir conjuntamente, também com o Poder Executivo, medidas que regulamentem, que regularizem, que deem credibilidade a temas de muita importância e relevância, nessas matrizes energéticas limpas da qual não tenho dúvida que o Brasil será um dos protagonistas mundiais", disse Lira.

O presidente da Câmara citou ainda ser "imprescindível" a criação de incentivos para a produção de biocombustíveis e o debate sobre o percentual de biocombustíveis na mistura com combustíveis fósseis. "É necessário buscar o desenvolvimento do uso da energia limpa no segmento industrial, possibilitando uma nova onda de industrialização brasileira e viabilizando a inserção competitiva de produtos verdes, que possuem cada vez mais apelo junto ao consumidor no Brasil e nos mercados internacionais", acrescentou.

Já Pacheco classificou como uma "incumbência primordial" o combate ao desmatamento ilegal dos biomas e um trabalho na área de desenvolvimento urbano, relacionando que a responsabilidade pela preservação da Amazônia já está consolidade em diferentes setores.

"Sete em cada 10 brasileiros vivem em cidades e praticamente a metade da população se concentra nas grandes regiões metropolitanas. A expansão da cobertura de saneamento, a gestão adequada de resíduos sólidos, a redução da poluição urbana, o uso mais eficiente da energia e dos transportes, a construção de moradias e demais desafios urbanos têm enorme impacto sobre o meio ambiente, com reflexos inclusive sobre a proteção da Amazônia", disse Pacheco.

"A questão hoje é como preservar meio ambiente sem perpetuar desigualdades econômicas e sociais na cidade e no campo. Sem condenar partes do país à estagnação e à permanência na pobreza", completou.

Antes, Pacheco declarou que a crise econômica depois da pandemia de Covid-19 "evidenciou que não podemos mais conviver com condições que levam à estagnação da economia, que produz efeitos sociais e políticos muito ruins". Ele defendeu estratégias para o crescimento com base na confiança e na competitividade de agentes econômicos.

Os dois citaram como fundamentais a reforma tributária (já aprovada pela Câmara e atualmente em debate no Senado) e no novo arcabouço fiscal (já aprovado pelo Congresso Nacional e sancionado pelo presidente Lula para substituir a regra do teto de gastos públicos).