Um encontro único. No sentido de que nunca aconteceu antes. Mas, se depender de João Carlos Martins, 76, tem tudo para se repetir. “Gosto muito do povo mineiro. Sempre acolheram bem a mim e a minha música. Eles são muito receptivos à música clássica”, enaltece o maestro, que se apresenta pela primeira vez com a Orquestra de Câmara Sesiminas, no Teatro Sesiminas, em apresentação única, nesta quarta-feira (17), às 20h. “Recebi o convite por meio da Bachiana (fundação idealizada pelo maestro em 2006) e tive muito carinho em atendê-lo. O repertório escolhido contém obras que envolvem o público e vão do erudito ao popular, para aproximar e dar à plateia uma noção diferente da música clássica”, conceitua Martins.

Quem comparecer ao teatro terá a oportunidade de escutar de Mozart a Adoniran Barbosa, ando por Heitor Villa-Lobos, Piazzolla, Tom Jobim, Baden Powell e Vinicius de Moraes. A apresentação integra a série Sempre às Quartas, parte da comemoração dos 70 anos do Sesi-MG, que irá contemplar oito concertos ao longo do ano, todos com a participação de regentes e solistas com reconhecimento internacional.

Entre os confirmados estão o regente polonês Jaroslaw Lipke e o maestro francês Michael Rein. Para Martins, projetos desse vulto são fundamentais. “Toda iniciativa que facilite o o à cultura deve ser valorizada”, garante o maestro.

Cinema. Além da música, outras artes tecem os caminhos de Martins. Baseado no livro “Maestro!”, escrito por Ricardo Carvalho, o longa-metragem “João: O Maestro”, está previsto para chegar às salas de cinema no segundo semestre deste ano. Dirigido e roteirizado por Mauro Lima e protagonizado por Alexandre Nero, o filme centra sua dramaturgia na história de superação de Martins em seu processo de reinvenção.

A partir de 2002 ele desenvolveu uma doença nas mãos que o impediu de seguir a carreira de pianista, levando-o à regência. “Acompanhei todo o processo do filme muito de perto. Procuro não ter muitas expectativas, mas posso dizer que o trabalho de todos está muito bem-feito. Será uma obra muito bonita”, aposta Martins.

Além do envolvimento com o filme, o maestro continua empenhado em sua “mais calorosa missão”. “Realizar o sonho de Villa-Lobos e fechar o Brasil na forma de um coração, democratizando a música”, exalta.

Para isso, conta com sua Fundação Bachiana, entidade sem fins lucrativos por meio da qual incentiva, apoia e promove atividades que buscam influenciar a formação musical do país, com a realização de cursos, ações e eventos culturais para jovens, adultos e crianças. Um dos exemplos é a apresentação desta noite. “Acho que a música erudita também tem seu espaço. E a música clássica, assim como qualquer arte, expressa todas as questões existenciais do ser humano e sua trajetória no tempo, por isso causa um efeito transformador nas pessoas”, avalia Martins.

Filho de um português operário que emigrou para São Paulo e viu o sonho de tornar-se pianista acabar quando perdeu um dedo durante o trabalho na gráfica, o maestro não tem dúvidas quanto à importância da arte. “A arte pode ajudar os jovens a encontrar seu caminho, sendo um segmento importante para a inclusão social”, ratifica o maestro.

 

Agenda ek2z

O quê. Orquestra de Câmara recebe João Carlos Martins
Onde. Teatro Sesiminas (rua Padre Marinho, 60, Santa Efigênia)
Quando. Nesta quarta-feira (17), às 20h
Quanto. R$ 30 (inteira)