"Ninguém está satisfeito com aquilo que tem. Ainda mais quando o assunto é cabelo". Essa é a frase de apresentação do site da Tridev, empresa paranaense que se diz a maior importadora do Brasil de cabelos indianos (embora a empresa não divulgue o volume de cabelo asiático trazido para o país). Fato é que a onda dos apliques - o chamado mega-hair - pegou: de anônimas a celebridades, as mulheres têm aderido à possibilidade de mudar radicalmente o visual em algumas horas de salão.

Apenas no ano ado, as importações de "cabelos brutos" da Índia para o Brasil ultraaram US$ 1 milhão. Os produtos indianos, segundo especialistas no assunto, têm muitas vantagens competitivas sobre um eventual similar brasileiro. São mais lisos, há mais opções de tipos e são mais longos. "Os cabelos brasileiros nem são vendidos no quilo, como os indianos. Além de serem mais caros, têm qualidade inferior", explica a cabeleireira Sara Gleice, ela mesma uma das adeptas do mega-hair.

Para o empresário e dono de quatro salões de mega-hair em Belo Horizonte, Glauco César Marques, há uma razão para o sucesso dessa "commodity" indiana. "Isso acontece até por razões culturais. Os cabelos que compramos da Índia vêm de templos religiosos. De tempos em tempos, as indianas cortam todo o cabelo e doam para o templo. É com o dinheiro dessas vendas que os templos conseguem se manter", explica. O empresário, que compra cerca de 200 quilos de cabelo por mês, diz que um quilo indiano, com 60 centímetros de comprimento, custa cerca de US$ 600.

O produto que chega da Ásia precisa ser manufaturado antes de ser aplicado nas clientes brasileiras. São feitos um processo de higienização e uma etapa de pente fino - literalmente. Os cabelos são exaustivamente penteados para que sejam extraídos os "fios ruins". Após limpos, muitos são pintados com as cores da moda - loiro, ruivo, preto e até cinza. Cada aplique demora cerca de quatro horas para ser colocado e custa, com mão de obra, R$ 500 - podendo ser pago em suaves prestações.